Sororidade como forma de diminuir a competição e rivalidade entre mulheres nas organizações

A primeira vez que ouvi sobre sororidade foi no ano passado quando minha mãe lia um livro para minha filha em que cada bisneto deveria levar um presente para o bisa que faria 100 anos e no contexto da estória foi reforçado que as netas deveriam ter sororidade.

Minha mãe com sua maturidade, deu a explicação mais verdadeira e direta, quando a Julia perguntou o que é Sororidade vovó? - É a capacidade das mulheres se ajudarem, serem unidas e buscarem resultados comuns.

Quando eu ouvi, li e reli, vi o quanto faz sentido e deveria estar cada vez mais presente no nosso dia a dia.

Depois de saber o que é sororidade, mudei meu olhar para diversas situações em que me posicionava às vezes de forma preconceituosa e até com influência ou falas machistas e percebi como é importante e necessário que mais mulheres saibam o seu significado e além de saber, buscar praticá-lo rotineiramente e repassar este conceito.

Mas afinal o que é sororidade?

Sororidade é a união e a aliança entre mulheres, baseadas na empatia e no companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. 

O conceito da sororidade está fortemente presente no feminismo, sendo definido como um aspecto de dimensão ética, política e prática desse movimento de igualdade entre os gêneros.

Do ponto de vista do feminismo, a sororidade consiste no não julgamento prévio entre as próprias mulheres que, na maioria das vezes, ajudam a fortalecer estereótipos preconceituosos criados por uma sociedade machista e patriarcal.

A sororidade é um dos principais alicerces do feminismo, pois sem a ideia de “irmandade” entre as mulheres, o movimento não conseguiria ganhar proporções significativas para impor as suas reivindicações.

A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. Pode ser considerado a versão feminina da fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer “irmão”. Não há um sinônimo perfeito para sororidade, mas as palavras que mais se aproximam são irmandade e fraternidade (entre mulheres).

A sororidade é o oposto da rivalidade feminina e visa justamente combater o mito de que mulheres são sempre rivais, estimulando o apoio e a união entre elas.

Na palestra Todos devemos ser feministas, do TEDx, a autora Chimamanda Ngozi Adichie escancarou o problema: “Nós criamos as meninas para se enxergarem como competidoras — não para trabalhos ou conquistas, o que eu acho que pode ser uma coisa boa —, mas para conseguirem a atenção dos homens.” A sororidade significa justamente o contrário e parte do princípio que, juntas, as mulheres poderiam ter mais conquistas, seja uma incentivando, apoiando ou só deixando de julgar a outra.

O número de mulheres no mercado de trabalho já é inferior ao masculino e este fator pode ser um possível motivador para aumentar a competição entre as mulheres. (Vide leitura do post já publicado sobre o assunto anteriormente).

As mulheres também apresentam características de maior insegurança, julgamento e ter que provar o tempo todo o quanto são competentes, aumenta ainda mais a possibilidade de um ambiente de maior rivalidade. Já não observamos este mesmo comportamento de forma geral para os homens e a união e defesa do grupo masculino é mais forte por uma cultura em que já são desde sempre criados pela história como bando, já com a união para a guerra, trabalho, esporte e assim diversos modelos e padrões pré-estabelecidos por séculos antes das mulheres que tiveram um histórico de maior solidão e foco na família.

Outro fator que pode contribuir para a rivalidade feminina: a mulher para ser aceita ou se inserir no contexto em que trabalha de forma a ser considerada capaz no mesmo nível dos homens, se cobra ou é estimulada como padrão bem-sucedido em assumir posturas mais masculinas, assumindo papéis mais agressivos e destoando da sua essência que poderiam se unir com outras mulheres e ter um olhar mais empático e acolhedor para outras mulheres com as mesmas vulnerabilidades que ela. 

A sororidade nas organizações traz diversos benefícios: a diminuição da competitividade e rivalidade, traz ambientes mais saudáveis, com mais empatia, maior união para que haja um trabalho em equipe genuíno, espírito de entrega com superação de desafios com foco no grupo, time e menos insegurança em poder destacar a entrega da colega ou até aceitar que juntas os resultados são ainda melhores do que o destaque de uma pessoa sem ter a ajuda do grupo.

O aprendizado deste conceito me faz querer mudar o meu olhar para que, por mais julgamento que eu possa ter, sempre ponderar o que está no inconsciente e tornar consciente para o que realmente se espera da sororidade.

Durante minha trajetória como gestora, percebi o quanto as mulheres por pequenas situações se estranham ou se ofendem e assim se afastam, já os homens por mais desavenças que possam ter, não se abalam ou não se demonstram afetados pelo mesmo grupo e por mais que haja discordância, seguem com mais facilidade e não mantêm o rancor como as mulheres. 

O meu olhar foi cada vez mais cuidadoso para direcionar as mulheres de forma a diminuir esta estranheza ou sentimento de rivalidade, reforçando que já temos outras tantas dificuldades, para quê criar outras ainda menos agregadoras na nossa vida?

Através da Mentoria trago esta responsabilidade de ter este olhar, trazer este conceito e através de uma rede feminina nos conectarmos e nos enaltecer o quanto somos mais fortes e melhores juntas. A Mentoria me trouxe mais força para buscar apoio nestas mulheres, olhar para outras profissionais como parceiras, referências e não concorrências.

Todas temos muito o que aprender umas com as outras e ainda nos tornar mais fortes.

E você? A partir deste artigo, consegue aprender a trazer a sororidade para o seu dia a dia e mudar o ambiente e influências que possui? Me conta mais e vamos trabalhar sempre juntas e unidas?

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